domingo, 15 de agosto de 2010

Aprovação automática e desvalorização das provas deixam alunos do ciclo irresponsáveis.

O sistema de ensino ciclado valoriza os ciclos de formação humana, crianças e adolescentes são avaliados no final de cada ciclo ( período de três anos ), pois de acordo com estudiosos esse sistema seria o ideal para se avaliar nossos alunos. Porém tem dois detalhes que os estudiosos não conhecem na prática: a aprovação automática e o não registro das notas das provas em algum documento oficial, o que torna essas notas sem nenhum valor para o aluno ser ou não aprovado de ano, e mesmo se as provas tivessem algum valor os alunos não podem ser reprovados na 1° e 2° fase de cada ciclo.
Sou professor e lido com essa realidade a 10 anos, e ainda não vi um defensor do sistema ciclado de ensino atuando em sala de aula, e os que defendem o ciclo que estão em sala, todos concordam que essa aprovação automática deveria ser retirada do ciclo, já cansei de ouvir algumas frases de alunos que ficaram irresponsáveis devido a essas "benditas" regras do ciclo: - "Vou estudar para essa prova não, vou passar do mesmo jeito..." outra frase: " Professor, ano passado não fiz nada e tirei notas baixas em todas as provas e passei....por que estudar este ano? agora ano que vem eu estudo..." Ele disse que estudaria ano que vem porque este ano seria pra ele a 3° fase do 3° ciclo, ano em que pode-se reter o aluno. PERGUNTA PARA OS TEÓRICOS DO CICLO: O SER HUMANO CONSEGUE PROGREDIR E SE TORNAR RESPONSÁVEL SEM COBRANÇAS, SEM LIMITES IMPOSTOS PARA ALCANÇAR SEUS OBJETIVOS? Um outro detalhe interessante é que pode-se reter só uma vez este aluno na última fase do referido ciclo, se o aluno já ficou retido uma vez, no outro ano ele já estará passado, mesmo sem saber nada.
Avançamos nas estatísticas com a diminuição das reprovações ( é claro que sim, não pode-se reprová-los, já iniciam o ano aprovados para o próximo ano. OBS: uma grande parte deles sabem disso) e regredimos na qualidade do ensino.
Acho impressionante o que acontece atualmente, o governo do Estado fala em gestão democrática, mas não dá alternativas dignas para as escolas mudarem seu sistema de ensino, é tudo imposto de cima pra baixo. Estamos com este sistema formando alunos sem interesse em aprender, estamos retirando os limites desses alunos anualmente e estamos fazendo uma pequena cobrança apenas de três em três anos, estamos sendo irresponsáveis com essa atual geração. PERGUNTA PARA OS TEÓRICOS DO SISTEMA CICLADO: SE UMA EDITORA TE CONTRATA PARA ESCREVER UM LIVRO, E LHE DAR UM PRAZO DE TRÊS ANOS, EM QUANTO TEMPO ENTREGARÁ O LIVRO? OUTRA PERGUNTA: SE A EDITORA LHE DESSE UM PRAZO DE 01 ( UM ) ANO PARA ENTREGA DO LIVRO, SE ESFORÇARIA PARA ENTREGAR O LIVRO EM UM ANO? AGORA ANALISA: OS ALUNOS TEM TRÊS ANOS PARA SEREM ANALISADOS, SÓ DEPOIS DESTE PRAZO, DECIDIMOS SE ELES PASSAM OU REPROVAM, VOCÊS ACHAM QUE MUITOS DELES, SE PREOCUPAM COM PRAZOS ANUAIS? Eu digo muitos deles, pois alguns são focados sempre, pois dedicação, esforço, tem influência da família, isso também vem do dna, mas para aqueles, que precisam de cobranças, de limites..., no ciclo isso acontece só de três em três anos. OBS: REALIDADE QUE CONHEÇO DO ESTADO DE MATO GROSSO.

6 comentários:

Unknown disse...

Jean, gostei de seu comentário, só quem vive em sala de aula é quem conhece a realidade do ensino brasileiro. Isso tem que mudar,chega de hipocrisia. Também vivi esse problema.Os que criaram isso me perdoem mas,acho que não vivenciaram a sala de aula, e isso vemos no dia a dia nos jornais.Jean mais uma vez parabéns vc está no caminho certo. Clemilson.

Anônimo disse...

Valeu Jean!! essa realidade da aprovação automática é uma vergonha, o governo quer números, para dizer que no Brasil diminuiu o índice de reprovação.Tudo falso...passam os alunos sem saberem de nada...VERGONHA ESSE CICLO!! Parabéns Jean!!

Anônimo disse...

O comentario do professor Jean procede; pois em um País onde se vive de estatísticas para maquear ou até mesmo omitir certos dados ditos oficiais o projeto de escola ciclada vem atender somente números governamentais em um período em que países precisam apresentar dados positivos ao mundo para se destacarem no cenário e geopolítica mundial em detrimento das reais necessidades de suas populações; somos vitimas da inoperância e inercia das décadas perdidas por governos corruptos que escondiam suas incompetências com a imposição do coronelismo e do voto cabresto que marcaram a vida política desse país; hoje mesmo diante de uma nova realidade global nos deparamos com o ridículo jeitinho brasileiro , aquele que resolve tudo rapidamente. Até quando teremos que acar com a inoperância de nossos governantes; A China é um bom exemplo de como fazer a coisa certa; imagine um país essencialmente agrário que após algum tempo resolve mudar radicalmente sua realidade realizando reformas; as chamadas reformas estruturais, em que a educação foi colocada como principal eixo.O ano em questão era a década de 1950 a 1976.Uma pena que nessa época não tinhamos um Deng Xiao Ping e nem um Mao - Tsé

Anônimo disse...

Não é bem assim Jean. A educação está em fase de longa transição, isto é, saímos de uma tradicional autoritária e estamos caminhando na busca de uma que valorize o conhecimento do aluno. Segundo Paulo Freire,o aluno sempre tem um conhecimento, e neste sentido falta a nós professores enxergarmos esse conhecimento. Acredito que o nosso caminho seja uma educação integral e profissionalizante, para que este nosso aluno enxergue um final do túnel.

Jean Carlos disse...

Concordo que a educação brasileira está em fase de longa transição, e não discordo de Paulo Freire, porém essa fase de transição precisa ser dessa forma? precisa buscar estatísticas falsas, passando os alunos sem saberem de nada? Pensa bem onde chegamos: OS ALUNOS JÁ COMEÇAM O ANO LETIVO APROVADOS EM ALGUMAS FASES, NÃO PODEM SER REPROVADOS. OS PROFESSORES CONCORDAM COM ISSO?

Anônimo disse...

Parabéns, Jean pelo comentário.Concordo plenamente com vc.Nós, professores,somos coniventes com o "faz-de-conta" que os alunos aprenderam e ajudamos as estatísticas falsas serem divulgadas a respeito da Educação Brasileira.